RESUMO DOS MINICURSOS
HÁ PROGRESSO EM FILOSOFIA?
Prof. Dr. Delvair Custódio Moreira
(UENP).
17/10/18 –
Quarta-feira, 17:00h
A proposta deste
minicurso é apresentar uma visão das posições principais em metafilosofia
contemporânea acerca da questão do progresso filosófico e tentar oferecer uma
resposta alternativa a esse problema. O problema do progresso filosófico pode
ser formulado com as seguintes perguntas: há progresso na filosofia? A
filosofia conseguiu resolver problemas filosóficos tratados por filósofos de
outrora? Na história da filosofia tipicamente tem se argumentado que a
filosofia não progride ao longo do tempo. Kant, ao se questionar porque a
metafísica não apresentava progresso como a física e a matemática, por exemplo,
argumentou que em virtude do caráter a priori puro das investigações
metafísicas nenhum progresso poderia ser alcançado. Similarmente, os positivistas
lógicos tomaram como uma das características distintivas da ciência em relação
à filosofia é que a primeira progride enquanto a última não. Na
metafilosofia contemporânea há pessimistas e otimistas com relação ao progresso
filosófico. Pessimistas (como Eric Dietrich) defendem que não há progresso em
filosofia uma vez que os grandes problemas trabalhados pela filosofia antiga
ainda são os mesmos discutidos nos departamentos de filosofia contemporâneos.
Isso é evidenciado pelo fato de não haver consenso acerca da solução dos
grandes problemas filosóficos. Alguns pessimistas (como Colin McGinn)
argumentam que não pode haver qualquer progresso em filosofia em virtude de
nossas limitações cognitivas que tornam os grandes problemas filosóficos
insolúveis para nós. Desta forma, pessimistas parecem defender duas teses: (i)
a filosofia não apresenta qualquer progresso e (ii) é impossível qualquer
progresso em filosofia. Otimistas, por outro lado, argumentam que há progresso
em filosofia. O otimismo acerca do progresso filosófico pode ser distinguido
entre moderados (como David Chalmers) que argumentam que há algum progresso em
filosofia, apesar de ser um progresso menor do que nas ciências e otimistas
fortes (como Daniel Stoljar) que defendem que os problemas filosóficos antigos
não são os mesmos trabalhados na filosofia contemporânea. Por exemplo, o
problema mente-corpo trabalhado por Descartes não é o mesmo que o
problema-mente corpo trabalhado na filosofia da mente contemporânea porque
esses problemas são levantados por um conjunto de diferentes suposições. Se são
problemas diferentes, então a premissa do argumento pessimista de que os
problemas tratados pela filosofia contemporânea são os mesmos tratados pela
filosofia em outros períodos do tempo é falsa. Pode se ainda argumentar que
problema de Descartes está solucionado, apesar do problema da filosofia da
mente contemporânea ainda não, o que sugere que há progresso em
filosofia. O minicurso consistirá em uma exposição pormenorizada das
posições pessimistas e otimistas sobre o progresso filosófico, apresentando os
argumentos em favor e as principais objeções a cada uma das teses. A solução
proposta será a de rejeitar o otimismo e aceitar uma das teses do pessimismo, a
saber, a tese (i) de que a filosofia não apresenta progresso, mas devemos
rejeitar (ii) que é impossível haver progresso em filosofia porque não podemos
saber (e assim será argumentado) se a filosofia pode vir a progredir no futuro.
Com efeito, a rejeição de (ii) nos fornecerá uma razão para, apesar do
pessimismo atual, continuarmos a fazer filosofia.
O QUE É A “FILOSOFIA”
DA “FILOSOFIA POLÍTICA”? UM PERCURSO POSSÍVEL.
Prof. Dr. Bruno Santos
Alexandre (UENP)
18/10/18 –
Quinta-feira, 14:00h
Trata-se, neste
minicurso, de sugerir uma reflexão possível acerca de algo que poderia ser
considerado como a “filosofia da filosofia política”. Com essa questão em
vista, planeja-se uma resposta por intermédio de três movimentos teóricos. Num
primeiro movimento, trata-se de acompanhar a hermenêutica filosófica de
Hans-Georg Gadamer, notadamente com relação à sua ideia da filosofia como uma
espécie de consciência histórica. A esta altura, o ponto é: tal consciência não
deporia a favor do conformismo e conservadorismo (em que se equalizaria a
tradição ao racional), antes, justamente, denotaria a crítica que o embate
entre as tradições sempre nos lançaria (quando então a tradição seria tomada no
plural, por isso, como o locus da contingência). Num segundo movimento,
trata-se de aprofundar essa abordagem filosófica de Gadamer como a que, no
fundo, enunciaria a “filosofia como o político” e o “político como o
filosófico”. É o que propõe Hannah Arendt ao compreender o pensamento humano
como o outro de si mesmo, quer dizer: porquanto inexoravelmente inseparável de
um corpo histórico, o pensamento como uma entidade de estatuto não-teleológico,
aberto assim à autotransformação, num infindável debate (e iminente
controvérsia) consigo mesmo. E o seu mais importante corolário: o plano da
ética enquanto fundado no plano do político. Num terceiro movimento, por fim,
ainda com Arendt, e a luz dos movimentos anteriores, trata-se,
consequentemente, de rematar acerca da atividade filosófico-política como
essencialmente da ordem do extra (embora não do “anti”) jurídico-institucional.
Dito de outro modo, no percurso ora sugerido, trata-se de alcançar a conclusão
de um primado da ação instituinte (da ação inovadora) sobre as leis instituídas
(o espaço normativo).
O QUE É A FILOSOFIA
PARA SER ENSINADA?
Prof. Me. Renan Henrique
Baggio
18/10/18 –
Quinta-feira, 17:00h
Procurar na história do
pensamento uma resposta que satisfaça a questão do que, de fato, é a filosofia
desdobra-se em um complexo emaranhado de saberes que se particulariza e
determina diante da assinatura de cada filósofo. Não por outro motivo,
questionar como se deve ensinar filosofia se torna uma armadilha para qualquer
um que se arrisque ao exercício da docência. Diante desse cenário, muitas vezes
assustador para os professores, o intuito deste minicurso é o de nortear o
(futuro) professor a afirmar-se enquanto defensor de uma corrente filosófica,
seja ela qual for, para, através dela, criar suas aulas e métodos didáticos.
Deve-se agarrar a uma filosofia para ensinar a filosofia. “Uma” filosofia e “a”
filosofia tem aqui uso proposital, pois demonstram a diversidade de teorias e
posicionamentos que, em sua totalidade, revelam a filosofia como modo de vida.
Adotar um posicionamento filosófico, mesmo que provisório, não significa
ensiná-lo como único possível, ou abordar outros temas diante da sua ótica, mas
representa uma visão de mundo, um entender a si e ao todo que torna a criação
na sala de aula uma experiência sólida, tanto para o professor quanto para o
aluno. Pode-se ser cartesiano e ensinar Nietzsche sem desvirtuá-lo, ou ser
analítico e discursar sobre metafísica. De modo a cumprir com o objetivo
proposto, o minicurso se desenvolverá em três momentos: em primeiro lugar, a
atenção voltar-se-á a concepções de filosofia elaboradas ao longo da história
no intuito de pensar suas especificidades, problemas e implicações. Num segundo
momento, o foco das discussões se deterá sobre as formas de ensino e a
realidade escolar na qual a filosofia está imersa. Questões como “qual o lugar
da filosofia no ensino médio?”, ou ainda “o que apenas a filosofia afirma
enquanto disciplina escolar?”, serão o tema de tais elucubrações. Por fim,
buscar-se-á a síntese dos tópicos anteriores através de exemplos de aulas de
filosofia diante de determinadas correntes filosóficas elaboradas por alunos do
terceiro ano do curso de filosofia, futuros professores cujo posicionamento
filosófico já auxilia na criação de suas aulas.